segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Liberdade com a IPTV - Por Daniel Ribeiro

Os grandes players dos setores de eletro-eletrônicos mundiais, operadoras de telecom, estúdios de cinema, gravadoras, anunciantes e mais uma centena de setores estão babando por mais receita para agregar junto às suas operações com o desenvolvimento da IPTV.
Principalmente a indústria eletrônica, de telecom e os geradores de conteúdo, tentam novamente monopolizar a Internet com mais um apanhado de tecnologias proprietárias - que irão usar a infra-estrutura da grande rede - para lançar seus produtos e conteúdos.
A grande indústria dos set top box e equipamentos de infra-estrutura forçam sua sobrevivência com a criação de tecnologias proprietárias que serão vendidas para as operadoras de telecom, possibilitando distribuir o conteúdo de IPTV através de suas redes. A idéia principal é utilizar principalmente a tecnologia
ADSL - a principal tecnologia utilizada para a comunicação em banda-larga para residências - e trafegar o conteúdo digital pelo mesmo cabo telefonico que aos poucos vai deixando de transportar somente o sinal de telefonia analógica. O set top box será uma caixa IP conectada ao roteador ADSL ou até ser o próprio roteador ADSL com o software e hardware embutidos na mesma caixa eletrônica.
Ainda não dá para prever com precisão como será disposta a programação oferecida pelas operadoras de IPTV, quais os equipamentos e marcas serão utilizados, qual será o nível de interatividade e etc, mas já é possível saber que não teremos o mesmo nível de interação que a Internet nos proporciona através dos PCs e com a mesma liberdade de escolha.
Utilizando os set top boxes, é notório que exista a prioridade de transmissão de vídeo e de audio - garantidos por sofisticados recursos de QoS (qualidade de serviço), além de estar sobre o mesmo domínio de controle do tráfego IP. Esta característica é que permite que a imagem recebida da operadora não venha a ter os problemas de atraso e perda de pacotes que muitas vezes ocorre no tráfego descontrolado da Internet.
O que queremos mostrar é que boa parte do conteúdo que as pessoas irão assistir em suas IPTVs já está na grande rede IP! A cada dia surgem novos canais, aplicações, filmes inteiros digitalizados, canais especializados e uma quantidade infinta de conteúdo ainda a surgir. É mais provável que não serão os canais com o atual formato herdado da
TV analógica e dirigido para para as grandes massas (broadcast), que irão fazer sucesso no futuro, e nem mesmo farão tanto sucesso os canais “pagos” mais seguimentados que as redes de IPTV tentarão empurrar para seus assinantes.
Só não assistimos por mais tempo a atual IPTV livre através da Internet, pelo simples motivo de ser muito desconfortável ficar sentado em frente a tela do PC, além do tamanho da imagem ainda ser relativamente pequeno. Há também outros fatores, como a qualidade ainda precária, o tempo de carregamento, a lentidão de certos computadores e mais alguns itens que serão afinados num futuro próximo.
O que acaba frustrando muitas pessoas, além de muitas empresas, é que a indústria da IPTV comandada pelas operadoras e respectivos fabricantes de equipamentos de telecom deveriam se preocupar especificamente em oferecer serviços de Internet banda-larga cada vez melhores, mais rápidos, mais estáveis, com maior capilaridade e com preços mais acessíveis. O conteúdo da “real” IPTV continuará a ser produzido por estúdios, gravadoras, produtoras independentes, estúdios caseiros que irão surgir, entre uma série de novas empresas e pessoas de talento (e mesmo sem talento), que irão criar muito material a ser divulgado e vendido através da rede.
A IPTV deveria estar nascendo nas garagens das residências de pessoas que vislumbram o futuro de uma forma mais livre, exatamente como nos primórdios da revolução da indústria digital - como ocorreu entre as décadas de 70 e 80. Não só a tecnologia, como também o conteúdo, deveria estar nascendo de iniciativas inovadoras de pessoas criativas.
O modelo de sustentação continuará a ser mantido com campanhas de publicidade, mas novas possibilidades e modelos serão construídos em torno deste novo seguimento - o que deverá ajudar a pulverizar melhor as receitas com publicidade, já que será grande a quantidade de mídias digitais que irão disputar de forma acirrada as verbas das empresas que anunciam através de meios eletrônicos.
Acreditamos que iniciativas como AllTV, InfomediaTV, MythTV, Joost, YouTube, Veoh e tantas outras que estão surgindo, continuem a abrir caminho ao pioneirismo de uma nova mídia totalmente convergente, mas com um modelo de Convergência Digital livre e não proprietária como alguns segmentos nos forçam a engolir goela abaixo.

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